Aqui deixo a crónica que será publicada no próximo Ecos da Ribeira. Aborda, uma vez mais, a Educação, que devia ser uma das prioridades do país mas que tem sido, continuamente, instrumentada em virtude de estatísticas e marketing.
Crónicas do Governo – Concurso de Professores
O Ministério da Educação tem sido, nos últimos quatro anos, motivo de grande preocupação e tema para várias crónicas. Se após as Eleições Europeias a atitude do Governo mudou, levando ao recuo ou mesmo demissão de alguns ministros que não se adaptaram à nova imagem pré-eleitoral, aos que pensavam que também na Educação as coisas iam mudar a ministra provou que se mantém igual a si mesma, não se vislumbrando nada de positivo para o fim do mandato, que, para piorar a situação, coincide com o início do ano lectivo.
Saíram recentemente os resultados do concurso de professores para quadro, o que já não acontecia há três anos. O Ministério da Educação vangloriou-se com a colocação de cerca de trinta mil professores nesta primeira fase, anunciando já a colocação de mais cerca de vinte e cinco mil numa segunda fase. Mais uma vez, a prova de que as estatísticas, quando trabalhadas, dizem o que queremos e a tentativa de enganar os portugueses. Passo a explicar.
Primeiro, não podem ser englobadas na mesma perspectiva duas fases de colocação quando na prática são muito diferentes: uma é para efectivar professores, outra apenas para contratar por um ano, que poderá depois ou não ser renovável até um máximo de quatro anos. Segundo, não foram colocados em quadro trinta mil novos professores, pois a grande maioria dos colocados já pertenciam aos quadros, apenas foram deslocados de uma escola para outra. Só algumas centenas correspondem de facto a novos professores efectivos. Terceiro, se já calcularam a necessidade de contratar tantos professores, mesmo antes de saberem quantos horários serão disponibilizados pelas escolas, porque não suprimir já essas necessidades que todos os anos se verificam? Não só reduzia a instabilidade da classe docente como permitia aos professores começarem já a preparar o próximo ano lectivo, com vantagens para todos.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
sábado, 6 de junho de 2009
As eleições europeias
Amanhã é dia de eleições europeias.
Todas as eleições têm a sua importância, mesmo quando umas o parecem mais do que outras. Esta eleição permite-nos eleger os representantes dos cidadãos portugueses na União Europeia.
Desde que Portugal entrou para a UE, conheceu um período de prosperidade como já não havia memória. Os fundos comunitários permitiram aos portugueses atingir um nível económico mais próximo dos seus vizinhos europeus. O fim das fronteiras e a moeda única permitiram uma maior proximidade.
Todas as eleições têm a sua importância, mesmo quando umas o parecem mais do que outras. Esta eleição permite-nos eleger os representantes dos cidadãos portugueses na União Europeia.
Desde que Portugal entrou para a UE, conheceu um período de prosperidade como já não havia memória. Os fundos comunitários permitiram aos portugueses atingir um nível económico mais próximo dos seus vizinhos europeus. O fim das fronteiras e a moeda única permitiram uma maior proximidade.
O Parlamento Europeu é centro de importantes decisões para o quotidiano dos cidadãos dos países membros. Esta é a oportunidade que temos em participar no futuro da nossa sociedade.
domingo, 26 de abril de 2009
35 anos de Abril
Ontem comemorámos 35 anos de liberdade.
Tanto tempo já. Não admira, por isso, que alguns se tenham já esquecido do que era a sua liberdade antes da Revolução dos Cravos e que outros não tenham sequer noção do que ganharam com ela.
No entanto, os resultados da democracia ao longo destes 35 anos levam-nos também a questionar: era isto que os militares pretendiam quando saíram à rua naquele dia?
Hoje vemo-nos a braços com dificuldades económicas e sociais, enquanto se acentua a noção de que a corrupção, tão presente, raramente é punida e, por isso, o sentimento de injustiça.
35 anos.
É altura de a classe política ter uma reflexão séria sobre os valores de Abril. Caso contrário, corremos o risco de aumentarem os saudosistas do regime anterior e, com o tempo, como tem acontecido tantas vezes na história, a democracia ser novamente preterida.
Tanto tempo já. Não admira, por isso, que alguns se tenham já esquecido do que era a sua liberdade antes da Revolução dos Cravos e que outros não tenham sequer noção do que ganharam com ela.
No entanto, os resultados da democracia ao longo destes 35 anos levam-nos também a questionar: era isto que os militares pretendiam quando saíram à rua naquele dia?
Hoje vemo-nos a braços com dificuldades económicas e sociais, enquanto se acentua a noção de que a corrupção, tão presente, raramente é punida e, por isso, o sentimento de injustiça.
35 anos.
É altura de a classe política ter uma reflexão séria sobre os valores de Abril. Caso contrário, corremos o risco de aumentarem os saudosistas do regime anterior e, com o tempo, como tem acontecido tantas vezes na história, a democracia ser novamente preterida.
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25 de Abril,
Revolução dos Cravos
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Vale a pena pensar nisto
Nos últimos dias, os meios de comunicação social têm-nos revelado a destruição deixada pelo recente sismo em Itália, nomeadamente em Àquila e arredores: vilas medievais totalmente destruídas; monumentos de diferentes épocas (incluindo um castelo medieval) que durante séculos se mantiveram incólumes, mesmo passando por diferentes provações (outros terramotos, guerras...), que o tempo transformara já em elementos imprescindíveis na paisagem como se a ela sempre tivessem pertencido.
Num momento tudo desapareceu. Centenas de mortos, uns mais velhos, outros mais jovens, todos com uma vida pela frente.
***
O ser humano habitua-se com facilidade à durabilidade das coisas. Dos bens materiais que passam de pais para filhos; das condições de vida que acha que nunca vai perder; da vida que espera ser longa.
Estes acontecimentos revelam-nos a efemeridade que é a vida. Vemos diariamente pessoas ambiciosas para quem é mais importante o seu estatuto do que o próximo; pessoas materialistas a quem interessa mais a qualidade dos bens dos outros do que as suas virtudes; pessoas que dão maior importância à sua vida material do que à espiritual.
Num momento perde-se a casa e todos os bens; perde-se o emprego, o cargo, o estatuto; perde-se a vida. Não digo com isto que não devemos fazer planos para o futuro, mas devemos ter noção de que o futuro pode não ser aquilo que planeamos e é mais fácil ultrapassar isso quando estamos menos dependentes da vida terrena.
Nesta época de crise, as pessoas que vejo mais felizes são aquelas que sabem valorizar aquilo que têm (é até a quem as coisas correm melhor). As mais frustradas são as que ambicionam sempre mais, que nada valorizam.
Para aqueles que sobreviveram ao sismo (ou a outras provações difíceis), a situação fê-las reflectir desta forma. É agora altura de começar de novo, mas certamente terão uma nova atitude perante a vida e os outros.
Vale a pena pensar nisto.
Num momento tudo desapareceu. Centenas de mortos, uns mais velhos, outros mais jovens, todos com uma vida pela frente.
***
O ser humano habitua-se com facilidade à durabilidade das coisas. Dos bens materiais que passam de pais para filhos; das condições de vida que acha que nunca vai perder; da vida que espera ser longa.
Estes acontecimentos revelam-nos a efemeridade que é a vida. Vemos diariamente pessoas ambiciosas para quem é mais importante o seu estatuto do que o próximo; pessoas materialistas a quem interessa mais a qualidade dos bens dos outros do que as suas virtudes; pessoas que dão maior importância à sua vida material do que à espiritual.
Num momento perde-se a casa e todos os bens; perde-se o emprego, o cargo, o estatuto; perde-se a vida. Não digo com isto que não devemos fazer planos para o futuro, mas devemos ter noção de que o futuro pode não ser aquilo que planeamos e é mais fácil ultrapassar isso quando estamos menos dependentes da vida terrena.
Nesta época de crise, as pessoas que vejo mais felizes são aquelas que sabem valorizar aquilo que têm (é até a quem as coisas correm melhor). As mais frustradas são as que ambicionam sempre mais, que nada valorizam.
Para aqueles que sobreviveram ao sismo (ou a outras provações difíceis), a situação fê-las reflectir desta forma. É agora altura de começar de novo, mas certamente terão uma nova atitude perante a vida e os outros.
Vale a pena pensar nisto.
segunda-feira, 16 de março de 2009
Como a cultura é uma boa aposta
Eis um bom exemplo de como a etnografia pode ser um factor importante de desenvolvimento regional.
Os concelhos do Barroso, nomeadamente Montalegre e Boticas, têm apostado no património, principalmente etnográfico, para o seu desenvolvimento. Agora Montalegre apresenta-se como a capital do misticismo e celebra as noites das bruxas todas as Sextas-feiras 13, um evento que conta já com a participação de milhares de visitantes.
Eis uma prova de como a cultura pode ser um factor importante de desenvolvimento regional, principalmente nos concelhos do interior.
Os meus parabéns.
quinta-feira, 5 de março de 2009
A esperança e as suas condições
Como resultado da crise que afecta as economias mundiais, o ano de 2009 iniciou-se com um sentimento de incerteza relativamente ao futuro. Na verdade, uma felicidade demasiado dependente do materialismo e do consumismo resulta em sentimentos de aflição perantea diminuição dos rendimentos. Uma maior dedicação ao espírito e à reflexão permite sempre maior qualidade de vida, mais não seja pelo optimismo. Também é certo que a carga fiscal e os preços elevados não ajudam à sobrevivência de muitos, mas não são estas as questões que pretendo abordar aqui.
A par desta situação, inicia-se a governação do novo presidente americano, que tanta espectativa e esperança trouxe, já considerado por muitos como um salvador.
Quando os tempos são de crise, todos esperam algo que alimente a esperança de um futuro melhor. Obama não será, certamente, perfeito, mas só pelo optimismo que conseguiu já merece aplausos; o optimismo possibilita o empenho e o investimento, o que por si só é fundamental para o sucesso. Estou certo de que conseguirá mais, mesmo fora da América.
O que pretendo evidenciar com esta reflexão é a importância da renovação política. Quando a política dá maus resultados, é necessário inovação, na acção e nos próprios agentes. Ao recordar a história política de Portugal, reparamos que os Governos são hereditários entre os políticos, sendo que os titulares do momento fizeram já parte de outros Governos no passado. E o que temos hoje é o fruto do passado. Se, nos EUA, Obama representou um corte com a política do passado, em Portugal, em ano de Legislativas não temos como aposta de nenhum partido (com hipóteses de constituir Governo) alguém com essas condições. E é precisamente isso que os portugueses precisam para instaurar um grau de optimismo necessário para o país: um rosto novo, livre da política do passado e com uma mensagem inspiradora. Só isso bastaria para melhorar o estado de coisas.
O que se passa então?
Não é por falta de pessoas capazes, mas para que haja uma mudança é necessário um interesse maior que se sobreponha aos interesses particulares. Quando a classe política portuguesa tiver maturidade para assumir essa responsabilidade certamente que tal acontecerá.
Veremos o que acontece, mas caso nada mude até às eleições, estamos condenados a um voto em branco como o mais razoável e a um futuro incerto, cada vez mais.
A par desta situação, inicia-se a governação do novo presidente americano, que tanta espectativa e esperança trouxe, já considerado por muitos como um salvador.
Quando os tempos são de crise, todos esperam algo que alimente a esperança de um futuro melhor. Obama não será, certamente, perfeito, mas só pelo optimismo que conseguiu já merece aplausos; o optimismo possibilita o empenho e o investimento, o que por si só é fundamental para o sucesso. Estou certo de que conseguirá mais, mesmo fora da América.
O que pretendo evidenciar com esta reflexão é a importância da renovação política. Quando a política dá maus resultados, é necessário inovação, na acção e nos próprios agentes. Ao recordar a história política de Portugal, reparamos que os Governos são hereditários entre os políticos, sendo que os titulares do momento fizeram já parte de outros Governos no passado. E o que temos hoje é o fruto do passado. Se, nos EUA, Obama representou um corte com a política do passado, em Portugal, em ano de Legislativas não temos como aposta de nenhum partido (com hipóteses de constituir Governo) alguém com essas condições. E é precisamente isso que os portugueses precisam para instaurar um grau de optimismo necessário para o país: um rosto novo, livre da política do passado e com uma mensagem inspiradora. Só isso bastaria para melhorar o estado de coisas.
O que se passa então?
Não é por falta de pessoas capazes, mas para que haja uma mudança é necessário um interesse maior que se sobreponha aos interesses particulares. Quando a classe política portuguesa tiver maturidade para assumir essa responsabilidade certamente que tal acontecerá.
Veremos o que acontece, mas caso nada mude até às eleições, estamos condenados a um voto em branco como o mais razoável e a um futuro incerto, cada vez mais.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Crónicas do Governo – Educação.
Deixo aqui em primeira mão a crónica que sairá no próximo Ecos da Ribeira.
Porque merece a discussão, vou aqui abordar a educação como tema para a primeira crónica de 2009.
Numa tentativa desesperada de desacreditar a luta travada pelos professores, o Primeiro-ministro veio, no início do ano, congratular-se com os elogios tecidos ao Governo e à tutelar da respectiva pasta em matéria de políticas educativas, por um relatório, nas suas palavras, da OCDE. Afinal, o relatório não era da OCDE, antes sim um trabalho encomendado pelo Governo que seguia recomendações da OCDE... Ora, quando os elogios são encomendados, é evidente que são tendenciosos pelo que não devem ser considerados. Neste caso a mentira teve perna curta e o Primeiro-Ministro, tão empenhado na campanha eleitoral, deu-se mal com o seu próprio embuste. Se o Governo se preocupasse em resolver de forma sensata a querela com os professores era de louvar, mas ao invés, insiste em impor uma avaliação que tem prejudicado alunos e professores e criado um ambiente nas escolas que não contribui para a solução dos problemas e ainda vem criar novos. Ora, se os professores se uniram da forma que temos vistol, sem precedentes, se toda a oposição e mesmo alguns deputados do PS reconhecem, se o modelo realmente deu problemas e foi substituido noutros países, é porque não funciona. O Governo, no entanto, opta pelo belicismo, não com o objectivo de resolver os problemas da educação mas sim para ganhar a sua birra. E chamam a isto "pluralismo".
Uma última palavra relativa ao caso Freeport que tem andado na ribalta. Se José Sócrates é ou não culpado de alguma coisa não nos cabe decidir, é competência da Justiça e é normal acontecerem investigações a governantes. Mas a ideia de ele e alguns ministros seus virem comentar o assunto com os jornalistas, numa tentativa de justificar algo, demonstra que a sua verdadeira preocupação não são os problemas que afectam os portugueses mas antes a sua imagem e as eleições que se avizinham. A comprová-lo está o facto de nesta semana ter falado mais sobre esse assunto do que sobre a economia, o desemprego ou a segurança por exemplo.
Porque merece a discussão, vou aqui abordar a educação como tema para a primeira crónica de 2009.
Numa tentativa desesperada de desacreditar a luta travada pelos professores, o Primeiro-ministro veio, no início do ano, congratular-se com os elogios tecidos ao Governo e à tutelar da respectiva pasta em matéria de políticas educativas, por um relatório, nas suas palavras, da OCDE. Afinal, o relatório não era da OCDE, antes sim um trabalho encomendado pelo Governo que seguia recomendações da OCDE... Ora, quando os elogios são encomendados, é evidente que são tendenciosos pelo que não devem ser considerados. Neste caso a mentira teve perna curta e o Primeiro-Ministro, tão empenhado na campanha eleitoral, deu-se mal com o seu próprio embuste. Se o Governo se preocupasse em resolver de forma sensata a querela com os professores era de louvar, mas ao invés, insiste em impor uma avaliação que tem prejudicado alunos e professores e criado um ambiente nas escolas que não contribui para a solução dos problemas e ainda vem criar novos. Ora, se os professores se uniram da forma que temos vistol, sem precedentes, se toda a oposição e mesmo alguns deputados do PS reconhecem, se o modelo realmente deu problemas e foi substituido noutros países, é porque não funciona. O Governo, no entanto, opta pelo belicismo, não com o objectivo de resolver os problemas da educação mas sim para ganhar a sua birra. E chamam a isto "pluralismo".
Uma última palavra relativa ao caso Freeport que tem andado na ribalta. Se José Sócrates é ou não culpado de alguma coisa não nos cabe decidir, é competência da Justiça e é normal acontecerem investigações a governantes. Mas a ideia de ele e alguns ministros seus virem comentar o assunto com os jornalistas, numa tentativa de justificar algo, demonstra que a sua verdadeira preocupação não são os problemas que afectam os portugueses mas antes a sua imagem e as eleições que se avizinham. A comprová-lo está o facto de nesta semana ter falado mais sobre esse assunto do que sobre a economia, o desemprego ou a segurança por exemplo.
sábado, 3 de janeiro de 2009
O novo ano
O início de um novo ano é sempre, para mim, o início de uma nova fase. Esta visão permite-me entrar no novo ano com o ânimo renovado. Nunca sabemos o que vai acontecer, mas são 12 meses em que podemos reorganizar a nossa vida e desenvolver novos projectos pessoais e profissionais.
Este ano porém não se perspectiva fácil. Todas as análises prevêm 2009 como o ano em que a "crise" vai atingir Portugal conduzindo-o à recessão e ao consequente aumento dos preços, à diminuição do consumo, ao fecho de empresas e ao aumento do desemprego. Isso deixa qualquer um apreensivo. No entanto, não podemos esquecer outras condicionantes. 2009 será ano de eleições em Portugal, europeias, legislativas e autárquicas, o que significa sempre neste país viver um estado de graça onde tudo é possível. Nesta perspectiva, será mais provável que os portugueses apenas sintam os efeitos da crise em 2010 quando forem obrigados a encarar novamente a realidade. Perspectiva-se também 2009 como o ano em que a Europa conseguirá ultrapassar a crise económica e financeira. Nos anos trinta só ao fim de 10 anos se ultrapassaram definitivamente os efeitos da Grande Depressão; hoje é diferente, a ameaça das potências emergentes obriga a soluções rápidas. Por fim, será o ano do fim da era Bush e o início da presidência de Obama, com todas as expectativas que isso representa.
Posto isto, e apesar de todas as previsões, 2009 apresenta-se um ano incerto, com muitas condicionantes que podem significar um ano melhor ou pior que 2008. Vou encara-lo da mesma forma que os anteriores, como uma nova fase em que poderei desenvolver novos projectos pessoais e, quem sabe, profissionais.
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