Nos últimos dias, os meios de comunicação social têm-nos revelado a destruição deixada pelo recente sismo em Itália, nomeadamente em Àquila e arredores: vilas medievais totalmente destruídas; monumentos de diferentes épocas (incluindo um castelo medieval) que durante séculos se mantiveram incólumes, mesmo passando por diferentes provações (outros terramotos, guerras...), que o tempo transformara já em elementos imprescindíveis na paisagem como se a ela sempre tivessem pertencido.
Num momento tudo desapareceu. Centenas de mortos, uns mais velhos, outros mais jovens, todos com uma vida pela frente.
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O ser humano habitua-se com facilidade à durabilidade das coisas. Dos bens materiais que passam de pais para filhos; das condições de vida que acha que nunca vai perder; da vida que espera ser longa.
Estes acontecimentos revelam-nos a efemeridade que é a vida. Vemos diariamente pessoas ambiciosas para quem é mais importante o seu estatuto do que o próximo; pessoas materialistas a quem interessa mais a qualidade dos bens dos outros do que as suas virtudes; pessoas que dão maior importância à sua vida material do que à espiritual.
Num momento perde-se a casa e todos os bens; perde-se o emprego, o cargo, o estatuto; perde-se a vida. Não digo com isto que não devemos fazer planos para o futuro, mas devemos ter noção de que o futuro pode não ser aquilo que planeamos e é mais fácil ultrapassar isso quando estamos menos dependentes da vida terrena.
Nesta época de crise, as pessoas que vejo mais felizes são aquelas que sabem valorizar aquilo que têm (é até a quem as coisas correm melhor). As mais frustradas são as que ambicionam sempre mais, que nada valorizam.
Para aqueles que sobreviveram ao sismo (ou a outras provações difíceis), a situação fê-las reflectir desta forma. É agora altura de começar de novo, mas certamente terão uma nova atitude perante a vida e os outros.
Vale a pena pensar nisto.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
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