sexta-feira, 17 de julho de 2009

Crónicas do Governo - Concurso de professores 2009

Aqui deixo a crónica que será publicada no próximo Ecos da Ribeira. Aborda, uma vez mais, a Educação, que devia ser uma das prioridades do país mas que tem sido, continuamente, instrumentada em virtude de estatísticas e marketing.



Crónicas do Governo – Concurso de Professores

O Ministério da Educação tem sido, nos últimos quatro anos, motivo de grande preocupação e tema para várias crónicas. Se após as Eleições Europeias a atitude do Governo mudou, levando ao recuo ou mesmo demissão de alguns ministros que não se adaptaram à nova imagem pré-eleitoral, aos que pensavam que também na Educação as coisas iam mudar a ministra provou que se mantém igual a si mesma, não se vislumbrando nada de positivo para o fim do mandato, que, para piorar a situação, coincide com o início do ano lectivo.


Saíram recentemente os resultados do concurso de professores para quadro, o que já não acontecia há três anos. O Ministério da Educação vangloriou-se com a colocação de cerca de trinta mil professores nesta primeira fase, anunciando já a colocação de mais cerca de vinte e cinco mil numa segunda fase. Mais uma vez, a prova de que as estatísticas, quando trabalhadas, dizem o que queremos e a tentativa de enganar os portugueses. Passo a explicar.


Primeiro, não podem ser englobadas na mesma perspectiva duas fases de colocação quando na prática são muito diferentes: uma é para efectivar professores, outra apenas para contratar por um ano, que poderá depois ou não ser renovável até um máximo de quatro anos. Segundo, não foram colocados em quadro trinta mil novos professores, pois a grande maioria dos colocados já pertenciam aos quadros, apenas foram deslocados de uma escola para outra. Só algumas centenas correspondem de facto a novos professores efectivos. Terceiro, se já calcularam a necessidade de contratar tantos professores, mesmo antes de saberem quantos horários serão disponibilizados pelas escolas, porque não suprimir já essas necessidades que todos os anos se verificam? Não só reduzia a instabilidade da classe docente como permitia aos professores começarem já a preparar o próximo ano lectivo, com vantagens para todos.