quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A um amigo

Esta semana começou para mim com uma infeliz novidade, com a qual eu não esperava. O falecimento de um amigo que nos é chegado é algo que nos deixa pensativos sobre a nossa insignificância perante as forças da natureza. Mas também nos alerta para a nossa grandeza enquanto seres capazes de marcar os que nos rodeiam... e deixar saudade.

Em sua homenagem publico aqui um poema seu.



Plenitude


O silêncio…

É certo que neste lento pôr-do-sol, o silêncio se ouve com mais força. Mas não é o silêncio.

A tranquilidade…

Sob a lua rompante, a natureza descansa. Alguns morcegos esvoaçam por sobre o pátio. A água corre no tanque, quase imperceptível. Tudo, na natureza, parece ocupar o seu sítio próprio. Mas não é a tranquilidade.

A paz…

De repente, dentro e fora de mim, tudo é harmonia. Neste momento preciso, tudo bate certo. Tudo tem razão. Mais, nada precisa de ter razão, porque o coração sente a plenitude. Mas não é a paz.

Não sei o que tem este lugar. Só sei que é o meu lugar. Aquele em que tudo faz sentido. Aquele em que consigo reunir tudo o que há em mim. Sem dramas, sem ansiedades. Plenitude, talvez seja isso, o que me enche neste velho pátio da casa ancestral dos meus antepassados. Aqui vivo eu, aqui vivem todos os meus fantasmas, aqui vivem as almas de Santa Marinha.

Talvez um dia me possam trazer para aqui para morrer. Talvez um dia possam espalhar as minhas cinzas por estes metros que a minha vista alcança. Porque mais do que qualquer outro sítio do mundo, eu pertenço aqui.

Francisco Botelho

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